ELEGIA ÀS BODAS DE JOSÉ CASTILHO DANTAS
Nossas almas estão abraçadas
E bêbadas
Chorando...
Chorando no fim da festa.
Chorando nossa solidão.
Ela que dói na cabeça
na existência
e na alma.
Carência que um não supre ao outro
ou garante alívio.
Nossas almas estão ligadas, véi.
E nem as armas da justiça
Nem as armas da injustiça
Nem anjos...
Ó, o levante já conspira no cimo das árvores.
Vem dos tempos.
Arreda os montes
Arfa, ofega e espraia.
Vede com que forte vento ele assopra:
Arrepia às musas de nossa infância
E aos conventos.
Tenro amigo, prosseguirás operário
mesmo no último grau da emancipação .
Porque és incansável
e fabricas uma estrela.
Uma estrelona compassiva
e amiga.
Delicada
como o umbigo delicado
da musa.
Irmão, não temas ao cerco
ao arco
ao cavalo.
O andarilho não pertence a nenhuma cidade
nem tem gentílico.
Porém, caso fores alvejado,
sofre em silêncio cada gota de sangue que ora manchou tua roupa de [mendigo.
Range os dentes, mas não te abras comigo.
Um andarilho não compreende o outro.
Apenas estão na mesma estrada.
Apenas estão na mesma noite.
E sentem a mesma fome
a mesma insônia
o mesmo frio
ou dividem o mesmo pão mofado.
Não te abras comigo, louco.
Verdadeiramente, este vinho que celebras hoje é um milagre.
João Dinato Ferreira, Contagem, 07 de junho de 14