Rei de copas

Trago o cheiro forte de incenso.

Espalhado em meus perfumados pensamentos.

Ao longe, o barulho incessante de vento.

A lareira ofegante ainda aquece aqui dentro.

Na claridade deficiente avisto um vulto.

A garrafa de vinho deitando-me insultos.

Meu interno titubeia em total tumulto.

Foge o menino, grita de longe o adulto.

Eu que não venci meu irmão pra fundar uma cidade.

Não fui grandioso pra estampar o rei de copas.

Não bradei descobertas geniais na minha mocidade.

Nem naveguei, ainda que trôpego, pelos mares da Europa.

A água no vaso não impede que as rosas murchem.

Nas estufas da vida novas flores surgem.

Não vou deixar a vida no cofre trancafiada.

Sigo, mesmo que lôbrega possa ser a jornada.

Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 01/05/2014
Código do texto: T4789526
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