RUIM DESTINO QUE EU COBIÇO
De que me vale
o seu profano pensamento e impuro,
que oferta ao meu senso religioso?
Se não é a sombra ruim que me assusta,
e nem o cálice do vinho saboroso?
Tampouco é a santíssima oferta à minha gula
de um bom prato de pecado insano.
Se esse seu cérebro é tão litigioso
e é verminado das sombras do perdão
e mesmo assim
pincela em muro esboço leve,
escorregando o pincel em sua mão.
E com as suas taças cheias de incredulidade
passou a denegrir sua imagem de fiel...
D'uma metáfora que me investiga
e instiga a minha eficiência,
deficiente fica e me intriga
fatiando n'um prato minha sã consciência.
De que viver obscuramente eu já vivo
interrogando subitamente minha existência.
Por que passar nas curvas dessa estrada?
Ó que pecado eu pago por viver!
Minha esperança é a tua necessidade
daquele mísero pão pra sobreviver.
Quisera eu nesse inimigo mundo
ter privação da ponte pra outra vida.
Ah! quisera eu, andar descalço agora
e mendigar, teu pão, tua comida...