HABITANTE DA NOITE
A noite te vence.
O argueiro virou uma montanha.
Teus olhos,
impassíveis ante ao desafio,
pesam toneladas.
Porém, não dormes.
Criaturas do além
Observam teu movimento noturno.
Não ousam incomodar-te.
(Pois podes,
num só instante,
lança-los num tormento ainda maior.)
Os monstros da geladeira
apavoram-se.
Supõem caçá-los.
A tua vigília se prolonga
e chega a estrela sublime do dia
trazendo-te a paz
o sono
e o domingo.
Os primeiros pássaros
batizam as primeiras nuvens.
Abraças teu travesseiro.
Só agora é que dormes.
Ou será que só agora é que despertas onde realmente vives?
29 de março de 14