Sonhos de neve
"E a mulher, funcionária dos instintos,
Com a roupa amarfanhada e os beiços tintos,
Gane instintivamente de luxúria!"
(Augusto dos Anjos)
Sonhos de neve.
Tocou ao fundo a velha música romântica
Aquela mesma que fez o poeta sorrir.
Na cabeça um filme ao ouvir o saudoso cântico
Do amor que foi abortado antes de parir.
Mundos efêmeros que nada ajudam.
Sonhos de neve no verão derretidos.
Não dançam os que não escutam.
Perdem-se em migalhas os desejos temidos.
Nutrindo amantes sorriu para a vida.
Na penumbra se sentia feliz.
Acostumou-se com as diárias despedidas.
Sorriso solto digno de uma festejada meretriz.