HOMEM DE VIDRO

Sou de ser o que sou, assumir o meu ser,

ou estar quem estou; me deixar diluir,

para ir e voltar de um extremo pra outro

e fluir na meada; no fio; na rota...

Sempre fui de mostrar a fachada e o avesso,

mas pareço esconder, pelo tanto que mostro;

pelo quanto é difícil dar crédito ao vidro

que revela de graça o seu puro teor...

Minha dor é retrato na parece nua,

meu amor é a rua; parquinho; coreto;

é folheto que as mãos nunca levam aos olhos...

Ser assim me transforma em promoção vulgar;

tão vulgar que me faz transparente mistério;

um lugar-tão-comum, que bem poucos conhecem.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 23/02/2014
Código do texto: T4702653
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