A CEREJEIRA.

DA CEREJEIRA OS TAMANCOS.

No caminho lá na mata entre os galhos e clareiras, entre as fortes aroeiras, entres os troncos ressequido; toc. Toc. Toc. Na madeira bate bico trabalhando o passarinho; dedicado carpinteiro.

Nas calçadas e passarelas, toc. toc. toc. Apressada em passadas pelas ruas transeuntes passageiras, em ritmo coordenado, os tamancos de madeiras.

O martelo bate o prego, o serrote tricoteia, corta serra o sarrafo, punhos firmes segurando, grandes montes de serralhas cortes fundos bem certeiros.

Há quase meio século, em um dia feliz, nasceu linda e saudável, mais bela não se viu a cerejeira moça, sobre este solo úmido cresceu, viveu deu flores e frutos, agora envelheceu, secou sem galhos sem folhas a beleza sumiu.

No caminho na floreta, os pássaros fazem festas, entre as folhas da aroeira, um grande lugar vago a clareira se abriu, um tronco ali serrado, único sinal firmado a cerejeira caiu.

Agora feita em pedaços, bem distante dali, na mesa da marcenaria sobre furos e parafusos, sobre fortes solavancos a cerejeira bela, também sai pelas ruas; toc. toc. toc. Calçando os pés da menina em formas de belos tamancos.

(antherport)

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 12/12/2013
Reeditado em 19/12/2013
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