DE PÉ NA V IA LÁCTEA
E se eu me pintasse de verde
e vestisse terno preto bem cortado
camisa branca e gravata de seda
E depois fosse para a esquina
vender óculos velhos sem lentes
e luvas cirúrgicas de plástico azul
E se meu olho fosse de vidro
decompondo a luz que me atinge
em muito mais cores que as do arco-íris
Iluminando um pesadelo disforme
em que jogo dominó com um cometa
asssitido por bêbados e anjos sem rumo
E se o meu quarto fosse devorado
por uma aranha de patas cheias de espinhos
numa tarde de quase chuva opressiva e abafada
Sem nenhum bar aberto para uma cerveja libertadora
ou uma limonada suíça de limões nada tranquilos
adoçada com o sal de minhas poucas lágrimas
E seu eu não estivesse apenas sonhando
essas pobres sensações carcomidas
que insistem em me convidar a dançar
Em que lugar da via láctea estaria de pé
escrevendo versos feios e desencontrados
enquanto espero o acesso para o outro lado. . .
- por JL Semeador de Poesias, o José Luiz de Sousa Santos, dia desses (final de novembro/2013), na Caixa Cultural / RJ, vendo uma mostra de cartazes contemporâneos -