SANHAS
Meu computador exige a senha
sanha de controle
Indefinível
Eu sou eu mesmo?
Senha para o banco
(da praça também?)
Senha para cartão
para o protocolo
para o atendimento
No consultório
no poupa-tempo
Senha para o pensamento
a emoção
o sentimento,
já imaginou?
Senha para os versos
- acho que deveria
haver o tal controle
para a poesia...
A criação hoje é expressa
como vida atual
não dá tempo de ler
de se espantar
de degustar a poética
Já vem um novo poema...
Antes a gente parava
relia
refletia
Pátria Minha
foi um (dos muitos) poema que me tomou de assalto
e parei no verso
“Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!”
e fiquei sem fôlego
e fiquei sem ação
e fiquei
fui, voltei
continuei
ao menos um mês nesse poema,
nenhum outro cabia
e ainda tenho ele dentro de mim...
Diferente dos tantos poemas que leio
(leio muitos, alguns muito bons)
mas já atrás vem outro
e outro
e mais um, do mesmo autor
e já não sei o que li
o que senti
A compulsão de escrever tira o valor
A publicação instantânea tira o sabor
Poema é como o sol de cada dia
vem e fica visível em períodos
a exposição deve ser moderada
penetrar a gente e ficar
quarando
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