Caso não pudesse te ver

Não o soltaria dos meus lábios

caso não pudesse te ver

mas é tão belo quando reage

de mim se liberta em pulsos ávidos

Como um belo seixo nas estrelas

um belo beijo em todos os girassóis

como uma pintura errante

como um eco eternamente ressoante

Como uma galáxia que viera à tona

para assistir ao nascer da manhã

para assistir ao morrer da noite

para conhecer, célere, toda a manhã.

Para roubar dos teus olhos-de-piscina

todo o brilho que encanta a minha sina

e para que badalem todos os sinos

como um existir tão curto e fino

E se eu encostar meu sexto dedo

borraria toda a tinta em seu fluir?

E é verdadeiramente uma tinta?

Que cor tão formidável que tanto finda!

Finda em teus olhos na relva reluzentes

finda na canção que teus lábios mentem

finda no existir eterno

que nossas almas tanto sentem.

Mas se és como eu, pequeno pedaço de breu

verá que no teu cerne todos os fluídos tons ainda pulsa

como uma estrela se atirando ao chão de outono…

chão laranja ou chão-sem-cor.

Renda-te

que é ao crepúsculo que tudo morre

e se finda no velho chão, renascendo nos céus antes do alvorecer

antes que a música compreenda teus gélidos ouvidos

Renasces, tu

Em mim.

Ohana Lopes
Enviado por Ohana Lopes em 03/09/2013
Código do texto: T4465649
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