Caso não pudesse te ver
Não o soltaria dos meus lábios
caso não pudesse te ver
mas é tão belo quando reage
de mim se liberta em pulsos ávidos
Como um belo seixo nas estrelas
um belo beijo em todos os girassóis
como uma pintura errante
como um eco eternamente ressoante
Como uma galáxia que viera à tona
para assistir ao nascer da manhã
para assistir ao morrer da noite
para conhecer, célere, toda a manhã.
Para roubar dos teus olhos-de-piscina
todo o brilho que encanta a minha sina
e para que badalem todos os sinos
como um existir tão curto e fino
E se eu encostar meu sexto dedo
borraria toda a tinta em seu fluir?
E é verdadeiramente uma tinta?
Que cor tão formidável que tanto finda!
Finda em teus olhos na relva reluzentes
finda na canção que teus lábios mentem
finda no existir eterno
que nossas almas tanto sentem.
Mas se és como eu, pequeno pedaço de breu
verá que no teu cerne todos os fluídos tons ainda pulsa
como uma estrela se atirando ao chão de outono…
chão laranja ou chão-sem-cor.
Renda-te
que é ao crepúsculo que tudo morre
e se finda no velho chão, renascendo nos céus antes do alvorecer
antes que a música compreenda teus gélidos ouvidos
Renasces, tu
Em mim.