SILÊNCIO INSANO.
 
Eu conheço o barulho da porta que fecha.
Já senti o suor das mãos frias.
Conheço a dor na cravada da flecha.
Pisei as pedras da estrada vazia.
 
Eu conheço o grito que ninguém ouve.
O silêncio que nos faz insano.
Já via lagarta na folha da couve
Vi a tesoura cortando no pano.
 
Eu conheço a tristeza da estação depois que o trem passa.
A incerteza se a dor irá parar.
Já vi choro no embarque, ouvi as promessas.
Coração que se divide pra depois suspirar.


Linda interação do mestre poeta Tony Bahia a quem agradeço de coração.

À porta fechada, abre-se ao vento
Conheço a dor de tanta agonia
Suadas mãos, caladas e frias
Gritando dor na dor da poesia.

Flechas cravadas no meio do peito
Feito lâminas de afiados punhais
Queria estar deitado em teu leito
E sentir o vermelho de velhos umbrais.

Nas pedras doridas de estradas vazias
Piso sem medo de qualquer cicatriz
Pés descalços em chagas feridas
Suspiro-sussurro que sou infeliz

Grito ecoa perpetuando a noite
Feito açoite desvirginando o silêncio
Feito tesoura cortando o tecido
Sou o tecido cortado e penso.

 
Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 31/08/2013
Reeditado em 20/06/2015
Código do texto: T4461125
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