Paradoxo

Não temo o túmulo,

Que virá reduzir-me ao estritamente óbvio,

Ao anonimato absoluto,

Aos inexoráveis limites da ausência eterna.

Temo a vida que vegeta no relativo,

Com seus parâmetros inflexíveis e seus poderes irreversíveis,

Com suas definições e suas interrogações,

Com seus invernos e seus verões,

Com seus elos e seus litígios,

Com suas igrejas e seus bordéis,

Com seus mendigos e seus tubarões.

Inerte diante da vida,

Debruçado no cansaço de quem nada mais quer,

Observo indiferente tudo que se move,

Inquieto-me e penso no gerúndio “morrendo”,

Que é afinal o único prazer da vida,

Neste momento, que me fascina.

Alam
Enviado por Alam em 11/04/2007
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