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Como desentranhar os tesouros serenos e divinais que se encontram embrionários e submersos nas profundezas da alma, se mergulhamos diuturnamente na mediocridade hodierna em cálida sofreguidão?
Como sublimar as energias psíquicas sem degradá-las no pântano da hipocrisia e sem fossilizá-las nos instintos animais primitivos?
Como implodir o teatro insano da egolatria, se todos hibernamos no inverno das comodidades e peregrinamos errantes no labirinto que nos leva irremediavelmente às ermas regiões do caos existencial?
Não é mais uma linha sutil e lúdica que demarca os territórios de anjos e demônios.
Não é mais um fio tênue que separa o erro do acerto, pois já superamos a infância do aprendizado e ingressamos no campo fértil e vital da crítica, do bom senso e da lógica.
Agora é a contemplação implacável de nós mesmos diante do espelho da nossa própria história moral, diante das portas escancaradas do livre-arbítrio.
Agora é o declínio biológico acompanhado por dever de ofício da fiscalização do senso moral.
Antes do confinamento insidioso ao leito, percorro consciente o caminho da dor benfeitora, exercito a aprendizagem colhida no sofrimento e estabeleço os alicerces da mutação espiritual, única e exclusiva razão para Deus brindar-nos com a vida.