Confissão

Sou eu mesmo o operário do meu caos existencial,

no confinamento insidioso no leito, após as viagens pela província do livre-arbítrio.

Sou eu mesmo que construo vagarosamente a minha história, que é uma mescla de surtos esquizóides, masoquismo deliberado, utopias etéreas e racionalismo extremamente doloroso.

Sou eu mesmo o ator e o espectador de uma peça lúgubre cujo enredo profundo é o ácido aprendizado de cada dia.

Sou eu mesmo o caminho e o viajante que se confundem no labirinto do psiquismo, na sucessão de dores indizíveis.

Sou eu mesmo o espírito que intelectualiza a matéria e envenena carne e sangue num intercâmbio essencialmente cruel.

A tarefa única e urgente é tomar nas próprias mãos as rédeas do animal impetuoso que cavalga dentro de mim e domá-lo, e harmonizá-lo, e discipliná-lo, e sublimá-lo e transformá-lo finalmente numa criatura dócil às leis supremas do seu Criador Celestial,

Enfim a comunhão com o Pai Eterno.

Alam
Enviado por Alam em 11/04/2007
Código do texto: T445921