Confissão
Sou eu mesmo o operário do meu caos existencial,
no confinamento insidioso no leito, após as viagens pela província do livre-arbítrio.
Sou eu mesmo que construo vagarosamente a minha história, que é uma mescla de surtos esquizóides, masoquismo deliberado, utopias etéreas e racionalismo extremamente doloroso.
Sou eu mesmo o ator e o espectador de uma peça lúgubre cujo enredo profundo é o ácido aprendizado de cada dia.
Sou eu mesmo o caminho e o viajante que se confundem no labirinto do psiquismo, na sucessão de dores indizíveis.
Sou eu mesmo o espírito que intelectualiza a matéria e envenena carne e sangue num intercâmbio essencialmente cruel.
A tarefa única e urgente é tomar nas próprias mãos as rédeas do animal impetuoso que cavalga dentro de mim e domá-lo, e harmonizá-lo, e discipliná-lo, e sublimá-lo e transformá-lo finalmente numa criatura dócil às leis supremas do seu Criador Celestial,
Enfim a comunhão com o Pai Eterno.