Cefaléia

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto os livros amarelam nas estantes

A televisão imbeciliza a nação.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto a ganância reina soberana

Os transgênicos esterilizam os campos do porvir.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto os corações inválidos pulsam desesperança

Amplia-se o império dos mercadores da fé.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto os códigos apodrecem nos tribunais

Até a toga se locupleta com dinheiro público.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto os políticos se saciam na corrupção

A plebe vegeta na ignorância, na dor e na fome.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico,

Pois enquanto se alastra esta bestial geléia

Estagnamos a necessária evolução da raça humana.

Dê-me uma xícara de chá com analgésico

E traga-me o jornal de amanhã.

Alam
Enviado por Alam em 11/04/2007
Código do texto: T445919