NÃO ME CONHEÇO
Quem foi que disse que eu me conheço.
Andei à procura de um mapa,
ou mesmo, de um simples roteiro,
mas nada encontrei que prestasse.
Assim, não me meço,
não me encontro,
não me nada.
Outro dia, numa barraca de quermesse,
uma vidente de olho de vidro,
disse que eu era outro,
que se achar, me quisesse,
teria de procurar de dentro pra fora,
seguindo os atalhos da alma,
sem esperar viagem calma,
e hospedagem cinco estrelas.
Fiquei de voltar para revê-la,
mas, na próxima consulta marcada,
a vidente gritou, desbocada:
Some daqui rapaz,
quem ainda não se achou,
depois que muito procurou,
não se encontrará jamais.
- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, revisitado em 22/07/2013, mais um poema reencontrado perdido por aí, na rede -