APRENDIZ DE POETA
 
 
 
                    Há tempos eu pensava em sair por aí a poetar. Queria falar de mim e do meu amor.
                    Mas como iria fazer isso se a poesia não reside em mim?
                    Mesmo assim escafrunchava a mente insistente, buscando nos dicionários palavras românticas, rebuscadas e que tivessem efeitos convincentes.
                    Afinal, não deveria ser tão difícil declamar coisas melosas. Tantos o fazem...
                    Nessa linha de raciocínio busquei ensinamentos junto a alguns poetas já consagrados.
                    Li Castro Alves, Fernando Pessoa, Vinicius de Morais, Pablo Neruda, Chico Buarque de Holanda e muitos outros, até Camões.
                    Aprofundei-me na biografia de Nelson Rodrigues, grande jornalista, teatrólogo e escritor que contra a tuberculose lutou até o final da vida.
                    E daí? A poesia continua distante de mim. O que posso fazer, se não tenho esse dom e nenhum talento poético literário?
                    É meu irmão, não é mole não. Sair tocando a trombeta pelos quatro cantos como se poeta o fosse é um tremendo mico.
                    Ah Ah Ah Ah, por isso as pessoas normais nos tacham de loucos.
                    Pra nossa sorte há sempre os que acreditam na gente. Está bom assim?