CINZAS DE QUARTA-FEIRA DE FÊNIX
A pena aquecida é cinza
A outra pena que aquece é vida
Uma é animal
Outra é a escrita
Vida da alma animada, a que mais valia
Pena de vida primeira
Pena de morte
A poesia é a pena que fere morte e vida
A pena é mais forte que a espada
Uma corta a carne e outra a alma
A pena que vira brinco
Com a outra pena eu não brinco
Pedras vão rolar
Uma vira colar
Uma outra pela liquidez da tinta, moldável da tinta
Escreve a rigidez da palavra que fica
Uma palavra de peso pena mais que uma rocha das rocas
Uma palavra dura faz durar a dor até o porvir
A pena pode ser só pena
Uma palavra é só uma palavra
Mas a pena que escreve a palavra é coisa viva