A VIDA DAS PALAVRAS
As palavras têm vida própria
Sendo capazes de se porem
A andar pelos cômodos da casa
Dançando e acenando ao vento
Como se executassem
Uma intrincada coreografia
As palavras podem até
Perderem suas frágeis memórias
Caso esquecidas dentro
De livros e dicionários empoeirados
Abandonados nas estantes
Longe das conversas, ausentes da boca do povo
As palavras precisam de exercício
De serem escritas e faladas amiúde
Bem exercendo o seu ofício
De tudo dizerem ao mundo
Seja o dito chulo, que se faz ofensa
Seja o sentimento nobre, que se faz prece
Amo as palavras, mesmo as ambíguas
As que guardam imprevisíveis significados
As que se camaleoneam dentro dos discursos
Parecendo inexistentes, fazendo-se invisíveis
Fugindo à sanha de lexógrafos e gramáticos insensíveis
Volúveis como as moças que se exibem nas madrugadas
- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, iniciado em 28/05 e concluído em 17/06/2013 –