Incômodo Tempo
INCÔMODO TEMPO
Ás vezes alcanço em meus pensamentos,
Uma época passada na imagem da vida.
Falhas deixadas como marca do tempo,
Denota o que já se foi e não voltará,
Nessa luta constante e renida,
No doce olhar, de tempos já idos,
Dobras na fronte denunciam,
A velocidade dos anos vividos.
Fico feliz se hoje posso ver,
As marcas fincadas sobre meu rosto.
Lembranças me restam do que aprendi,
E que por certo as levarei comigo,
Creio eu sem causar desgosto,
Mas, o que importa foi o que fizemos,
E para que serviu os feitos deixados,
Se não aprovados! Para que viemos?
O tempo muda todas as coisas,
Devora até as lembranças guardadas,
E numa velocidade infindo,
Sequer a percebemos, chegando ou saindo.
Nossa coragem se esvaindo... Horas prolongadas!
E sem medo, esperamos sem ufana,
A morte da carne sobre o corpo,
Mola motora de toda ação humana.
Findo nosso tempo, que pena,
No auge do conhecimento e solidez plena,
Quase nada se conseguiu passar,
Àqueles, que ainda buscam no tempo,
Um último vôo, ziguezagueante de uma falena,
Que perde a vida, perdendo a beleza,
E na transformação, vidas novas aparecem,
Nesse circulo que obedece, ditame da natureza.
Feitosa dos Santos, A.
Rio, 29 de março de 2007