O BEBEDOR DA ALMA
Em qual brecha que você cativa os seus desejos?
Um sonho extasiado de espaços?
Ou a delicia de deleites espasmos?
Se a embriaguez dos deuses sofre os seus ensejos!
Como um vinho carregado de loucura
Desnecessário até se reconciliar a paixão
Na descontinuada existência da sublimação
Em movimento flutuante na carne nua.
Fascinar o arrebatamento a procura de esquecimento
Se a pulsão da primavera liberta às mais selvagens flores
A dança de outrora incendeia a força imaginativa dos acordes
A embriaguez cria orgias no semelhante pensamento.
Dionísio retorna para a natureza numa luz que diáfana
É a clareira lírica a serviço da música do crepúsculo
Que cala aos limites do espelho onde se possa vê-lo
Da vinha que o faz belo pela insuficiência que o lança.
A suspirar o inaudito atrativo das suas vontades
Pela espiritualização dos cortejos de as bacantes
Ao inferno de almas sem vinho e estimulantes
Para se verem no jubilar das formas as deidades.
A hora do cio penetra os mais íntimos prazeres
Na acentuada cadencia de cores destiladas
Do sedutor dionisíaco sentimentos como fadas
Poéticas musicais repletas de inusitados altares.
O amor vem da verdade da aparência do vinho
Artificialmente fascinante na mais dura redenção
De um mundo de sonhos dionisíaco para a razão
Imaginativa como os êxtases no calor sinto.
Quem quer vencer seus monstros escreva
Se a embriaguez é o jogo da natureza
Da arquitetura da fome das incertezas
Saiba beber o que nunca foi que se seja.
Quando Cristo em seu milagre se faria Dionísio
Dizia que nem só de pão o teria mais de vinho.
Tinha preciso sonhar para sondar o coro íntimo
E quando voltasse se faria o sangue dos instintos
A loucura se faria a forma do impossível saber
Quando os homens voltassem a amar o espanto
Na calma afetada embriagada no sonhar insano.
Que faça sentir o gosto do sublime quer do ser.
O ser que bebe, bebe sentimentos na alma
Existem licores ardentes e deliciosos para o corpo
Bebedores felizes buscam no vinho o seu escopo
É que não aja mais melancólicos que falam.
De que algumas verdades inúteis precisam ser esquecidas
E que a alegria espumante faz música embriagadora
Irresistíveis prazeres enervantes na alma que o aflora
Como deleite de delicias que não tornam doce os moralistas.
Os moralistas não bebem porque não querem ver o espelho torto
É um doloroso prazer se ver e vira-lo em todos os seus sentidos
O seu estomago precisa de vinho, acalmar nos dias entediados
Como a alma de um bebe-dor, que vê a sua imagem no exposto.
De Poeta da Almas
Fernando Henrique Santos Sanches