Sobre querer

Não sei o que quero,

Não quero o que sei.

Quero tudo com esmero

E quero o nada severo.

Quero o breu solitário

De um armário sombrio;

Quero o campo de flores;

Quero o cheio e o vazio.

Quero eu, tu, ele,

Mas quero plural também;

Quero nós, vós, eles,

Quero não querer ninguém.

Quero trem, carro e avião,

Quero céu, montanha e rio;

Quero sentir fogo de paixão,

Quero sentir dor e calafrio.

Essa é minha fortuna:

Ser um infindo mutar.

Mas como todo tesouro,

Me traz sorte e azar.

Ohana Lopes
Enviado por Ohana Lopes em 24/04/2013
Código do texto: T4257835
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.