Sobre querer
Não sei o que quero,
Não quero o que sei.
Quero tudo com esmero
E quero o nada severo.
Quero o breu solitário
De um armário sombrio;
Quero o campo de flores;
Quero o cheio e o vazio.
Quero eu, tu, ele,
Mas quero plural também;
Quero nós, vós, eles,
Quero não querer ninguém.
Quero trem, carro e avião,
Quero céu, montanha e rio;
Quero sentir fogo de paixão,
Quero sentir dor e calafrio.
Essa é minha fortuna:
Ser um infindo mutar.
Mas como todo tesouro,
Me traz sorte e azar.