O quartinho dos fundos
Apertava-se entre os sapatos bagunçados no gélido chão
No pequeníssimo quartinho dos fundos.
Encaixava-se nas brechas que cabia teu corpo.
Virava as noites virando folhas.
Revesava os livros, ou em seu colo
Ou empoeirado na velha estante,
E quando pensava em se esticar
"Fica", dizia um sapato sem par.
E sem esforço ou argumento
Aquela voz que vinha da grande varanda a fazia ficar
Jogada só no cantinho do quartinho.
Entre as pernas marcadas, a dor do teu corpo esticado e sua coluna castigada
Era ali que ela pensava querer estar,
Ela ria a noite, pois toda noite ela lia.