Quem sou eu, neste ergástulo das vidasDanadamente, a soluçar de dor?!- Trinta trilhões de células vencidas,Nutrindo uma efeméride interior.
Branda, entanto, a afagar tantas feridas,
A áurea mão taumatúrgica do Amor
Traça, nas minhas formas carcomidas,
A estrutura de um mundo superior!
Alta noite, esse mundo incoerente
Essa elementaríssima semente
Do que hei de ser, tenta transpor o Ideal...
Grita em meu grito, alarga-se em meu hausto,
E, ai! como eu sinto no esqueleto exausto
Não poder dar-lhe vida material!
(AUGUSTO DOS ANJOS)
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