O VERDE VENTO DA ESPERANÇA


Ó vento que vagas pelo mundo afora!
Ó vento que vagas no mundão sem fim!
Quisera eu ver-te zumbindo agora
Qual antes zumbias aqui dentro de mim!

Quisera eu ver-te ainda a brilhar,
Apontando firme em direção ao norte,
Como antes fazias, marcando no ar
Os passos da glória, o fato da sorte!

Ó vento que tanto, tanto tempo agias,
Tocando este corpo em repetido açoite!
Eras o sol que me iluminava os dias,
Eras o sono quando me vinha a noite!

Eras o Deus vivo a estender-me a mão,
Em horas incertas, vinhas como fada,
Eras o sim que vificava o meu não,
O infinito a transbordar o meu nada!

O meu ser só em ver-te esquecia tudo
Quanto é vil e neste peito banhava;
O canto ecoava, quando vertia mudo,
Até o rosto me sorria, quando chorava!

Teus raios que em meus negros olhos,
Coloridos, batiam com tanto fulgor,
Hoje são mortos, jogados aos escolhos
Estão para sempre sem vida, sem cor!

A tu que vagavas tão bravo, tão forte,
Tão vivo no verde, de Esperança chamei,
E bem cedo partiste abraçado à morte,
Rasgando o manto que vesti sem ser rei!

Sim, partiste... Tão breve foste embora,
Deixando o vazio aqui dentro de mim!
Ó vento que vagas pelo mundo afora!
Ó vento que vagas no mundão sem fim!
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 17/03/2007
Código do texto: T416477