Cigana
Cigana
Você, cigana de pele morena,
Que cobriu meus olhos com teu véu vermelho vivo,
Me deixando a beira da loucura de tuas aranhas insanas,
Que dentro de tuas peripécias fazia de mim fantoche,
Dentro dos teus amores quentes.
Lia cartas que eu nunca vira na vida,
Falando de vida, morte, julgamento e fortuna,
Lendo meu futuro em tua bola de cristal.
Cigana minha, de pele com cor do pecado doce,
Com cheiro de jasmim suave,
Banhada em tecidos finos, coberta de ouro dos pés a cabeça.
Cigana minha que vira sina,
Te vejo e lhe rogo por teu amor,
Que se desfaz em meus sonhos de porcelana,
Nessa paixão banhada a incensos e mirra.
Olhando para o sol, através de tua tenda bege,
Que só me faz sentir mais paixão,
Envolta em toda sua poesia,
Dançando na sua ciranda de furacão.
Me deixando louco de emoção,
Como se eu jamais quisesse viver outra vida,
Que sem ela não poderia.
Me puxa para debaixo de uma seda virgem,
Banhada em águas-de-colônia,
Feita a mão por uma mão virginal,
Que sem essa poesia,
Nunca teria conhecido tal mal.
Cigana minha, que pousa a mão doce em mim,
Fazendo de meu corpo templo do amor,
Transbordando feitiçaria,
Truque de velha bruxa masoquista.
Que dentro de uma jovem cigana, transborda magia.
Usa e abusa de tua medalha de ouro,
Que outrora foi de outro,
Me faz de vitima e como súcubo me rouba o tesão e o coração.
Me conta historias de passados futuros,
Que se tornam presentes em minhas memórias.
Que nem os filhos de Anansi poderiam imaginar.
Sua fibra carnal de cor morena, abrasada pelo sol,
Que faz brilhar feito ouro de tolo, oh bela pirita,
Me faz relutar em aceitar tal condição,
De viver um romance, em que todos morrerão,
E tostado pelo sol, meu coração se dissolve nas mãos de um artesão,
Montando outro colar de ouro, feito dos meus olhos, boca e emoção,
Para dar a tua filha cigana, para abusar de mais um,
Sem nem se lembrar se foi na primavera ou verão.
Cigana minha, tua e nossa,
Me perdoe, mas dessa vez, meu futuro não se mostrará em vão.