Noviça

Noviça

Um sorriso dentro da madrugada,

Em cima de uma cama suada,

Criada para um romance dentro dessa sua noitada.

Falando de passado, presente e futuro.

Sonha acordada, dentro de sua bolha cor-de-rosa,

Uma vida inteira que só passa de passagem.

Quando bate o gongo das seis, amanhecendo céus de todas as cores,

Lembrando e revivendo um nascer do sol como se fosse a primeira vez.

Quando a primeira foi a última,

Nessa temporada de caça ao amor rasgado,

Como pétala de tulipa, um lírio sangrento que se rompe como seda arrancada,

Feito como um lençol tão denso e felpudo como a madrugada.

Uma penugem que camufla todo o pecado, digno de sua carne e cor,

Gentil sorriso, que doa por caridade, querendo o controle da situação.

Mas desejando em silêncio, que seja dona de um santo que nunca existiu,

Que é apenas canastrão, canalha, falastrão.

Sonha acordada com desejo, dorme querendo um beijo,

Que em seus medos teme em não existir,

Sorrindo para mim por uma lente que se torna pequena, diante de tanta paixão.

Enquanto tudo o que deseja, é um abraço e alguém para dormir ao lado.

Um romance que pode existir - ou não,

Fazendo todos os contos de fadas, parecerem pura encenação.

Que de princesa tem de todas, da Bela a Pequena Sereia,

Com uma mistura gentil, coisa que só nosso Brasil pode fornecer.

Mistura mulata, meiga e engraçada,

De sorriso delirante,

Sempre foi cativada.

Escondida debaixo de panos e fotos, fugindo para trás de seus óculos.

Sorrindo para mim, como se nunca fosse nesse instante enfim,

Causando mal, ninguém sabe se é a ti ou a mim.

Querendo esquecer conselhos, querendo apenas afagos dentro do seu travesseiro,

Correndo para seus sonhos, tudo o que quer, é apenas outro pesadelo - será?

Quando tudo tiver fim, e esse for o recomeço, ou seria apenas um novo inicio, desse principio que termina assim, ou seria o contrario de um desejo infame,

Que pula madrugada adentro.

Ela vai sambando, deixando tudo para trás,

Largando sua vida, seus amigos e família, até mesmo sua própria diva interior,

Só pra correr em busca, do que ela teme ser amor - e se não for?

Se não for, ela replica:

- Deixa rolar, pelo menos a fantasia...

Derrubando uma lágrima em meio ao cobertor, ela suspira e ainda sorri,

Meiga como só ela pode ser,

Sabendo bem do que quer - pelo menos por hora,

Vai levando assim,

Essa vida e toda a sua brilhantina,

Como pano de confete, que se guarda depois do carnaval,

Ela vai andando,

Seguindo seu rumo,

Para o quarto sem cama de espaldar, para dormir no seu beliche,

E ouvir outra voz suspirar...

Minari
Enviado por Minari em 24/02/2013
Reeditado em 08/03/2023
Código do texto: T4158113
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