QUANDO TUDO DORME

Oh que noite enorme

quando tudo dorme!

Sento-me no fundo

de mim… e o que ouço?

Que é mágico o mundo!

O fel e o desgosto

risco do papel

afogo num poço…

No amor e no mel

mergulho o meu rosto

Bebo na raiz

da árvore frondosa

vida e temperança

e como um petiz

furtando uma rosa

aspiro a inocência

toco a adolescência

verde e descuidosa…

Retorno à criança

que fui… tão feliz!

Oh que noite linda

que doçura infinda

que ternos seus beijos!

Dos tempos da infância

afago os desejos

sorvo-lhe a fragrância…

Na noite sem escolhos

sou meu imo aceite

que em terno deleite

vem cerrar-me os olhos.

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 09/08/2005
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