Oh que noite enorme
quando tudo dorme!
Sento-me no fundo
de mim… e o que ouço?
Que é mágico o mundo!
O fel e o desgosto
risco do papel
afogo num poço…
No amor e no mel
mergulho o meu rosto
Bebo na raiz
da árvore frondosa
vida e temperança
e como um petiz
furtando uma rosa
aspiro a inocência
toco a adolescência
verde e descuidosa…
Retorno à criança
que fui… tão feliz!
Oh que noite linda
que doçura infinda
que ternos seus beijos!
Dos tempos da infância
afago os desejos
sorvo-lhe a fragrância…
Na noite sem escolhos
sou meu imo aceite
que em terno deleite
vem cerrar-me os olhos.