Jardins para sapos ou para borboletas.

JARDINS PARA SAPOS OU PARA BORBOLETAS.

AS PENÚRIA DO SAPINHO

Aqui neste canteiro florido,

sobre estas belas cores,

Passo horas a meditar.

Vivo tão aborrecido,

Todos me repudiam,

Tenho um corpo tão horrível,

Que dá medo de olhar.

Sou a face da feiura,

Sou todo desengonçado,

Não tenho autoestima,

Saltando aqui e acolá,

Ralando o traseiro no chão,

Nos terrenos encharcados,

Há vezes caio nas foças,

Mergulho no lamaçal.

Vivo abandonado,

Remoendo em lamúrias,

Ninguém vem me consolar.

Quando aproximo das casas,

Nos quintais das moradias

Todo vem aporrinhar.

Os latidos dos cachorros

Logo vem me atormentar.

Brincando fazendo festa.

Instigando-me,

Abocanhando,

Ameaçando a me matar.

Alguém com a voz infantil,

Grita desesperada,

Sapateia assustada

Dizendo ali tem um sapo,

Mamãe ele quer me pegar.

Esta mulher malvada,

Defendendo a filhinha,

Com um punhado de sal,

Em meu dorso vem tascar.

Fico todo dolorido

Meu corpo começa arder,

É grande meu sofrimento,

Ninguém vem me socorrer.

Indignado e raivoso,

A este dono do mundo

Venho agora protestar;

Porque me fizestes assim,

Feioso, surdo enojado,

Corpo deformado

A beleza que falta em mim

Nos outros até fez sobrar.

Assim não quero viver,

Antes não tivesse nascido,

Ser sapo é viver esquecido,

Para que canteiro florido,

Se for pra viver assim

Ai eu prefiro morrer.

(Antonio Herrero Portilho/14/8/2013.

codigo de texto: t4145283

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 17/02/2013
Reeditado em 15/04/2023
Código do texto: T4145283
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