a pulsar no vazio

um dia quem sabe eu te encontre,

quem sabe numa sobra do caminho,

dessas que há sob árvores silenciosas,

você me encontre a dormitar como quem finda...

talvez não seja tarde

e então uma palavra quebre a escuridão que nos suplantou,

que nos lançou para os calabouços da vida,

onde a respiração é difícil e há flores em decomposição,

como se tudo estivesse derretendo,

como se não houvesse tempo,

e o futuro e o passado fossem uma coisas só,

como se estivéssemos ausentes, ausentes para sempre...

quem sabe numa curva da estrada nos encontremos de não ter jeito,

e então, sem nem nos reconhecermos,digamos um para o outro,

Olá... como vai...

e sigamos assim sem saber direito porque nos cumprimentamos,

a pensar que isso já aconteceu deveras, a duvidar...

e lá na frente nossa memória nos revele

que sob esses rostos caiados que se olharam sem vontade,

esmagados, existe nós...

e então sigamos mais leves

agradecidos a Deus te nos termos falado

mesmo sem poder afirmar de certeza

que nos encontramos de verdade,

pois as estradas andam tão caladas

que não é improvável que inventemos

as situações em que nos vamos nos acertando com a vida,

como se dentro de nossa depressão mais profunda

existisse a pulsar no vazio

nosso amor sempre muito poderoso...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 16/02/2013
Reeditado em 17/02/2013
Código do texto: T4144086
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