Um vivo quase morto.

Fecha os olhos para esquecer

Prende o fôlego à momentânea inconsciência

Roça as pálpebras com força, descontente

Aprende que sofrer é mais fácil ao não ceder.

A noite chega ao mesmo calafrio do amanhecer

Os meses todos dito em um mesmo adjetivo,

o som do desgosto

Não me é fácil ver satisfação no castigo de servir.

Oh, lua que tão tarde descobre o quanto brilhas.

Mas quem dar-se ao luxo de ver as estrelas

chora o perder do engrandecer da manhã.

Choras dos olhos molhados e lábios estirados.

Não mais do meu lado narrará os tristes contos

Tenho meus próprios contos a narrar, enquanto sou um defunto poeta

Quase morto, mas ainda vivo

Antes que vire um poeta defunto

Morto, nunca antes vivo.