(Sem Título)
Pulsos inconformados
Pulsas por alguém, ninguém
Veias perfuradas, cicatrizadas
Saturadas de arder
O salgado do mar vermelho
Um vermelho quase preto
Tão escuro quanto o preto de meus pulmões
Suados de viver
As marcas que me modelam o corpo
O corpo moldado por marcas que não sei como ganhei
Mas ali estão
Marcas lembradas, marcas desejadas
Marcas marcadas de esquecimento
E de histórias que nem lembro
O meu ofegar poluído
O poluído mais limpo, que unicamente se contamina
O sopro acinzentado
O ar da vida
Respirar para viver
Viver às escondidas
Minha vida de toxina
Se disfarça na rotina
Das descargas, fósforos e despudor
O meu ar tão morto
Tem o teu, a mesma cor
Pulo a minha altura
Tão fundo quanto meu pé alcança
Quem sabe, de fato, qual é essa verdadeira distância?
Quem encontra algum erro
No gingado de minha própria dança?
Em meio a tantos ritmos
Não seria errado o sustenido de minha nota
É o meu próprio acorde
Tão desafinado para ti
Quanto o teu é para mim
E em meio a tantos sonhos
Sonhos sonhados, sonhos vividos
Sonhos que se sonha em viver
Sonhos que já foram vida
Sonhos que podemos ter
Sonhos que se enfrenta
Sonhos que se aguenta
Quantos sonhos desistiras de sonhar?
Mas em meio a tantos sonhos
O meu não sou eu quem vai renegar.