NOTA DE ESCLARECIMENTO: Por quê faço poemas.

Eu faço poemas

de uma forma simples

e comezinha

do mesmo modo

que os padeiros fazem o pão

nosso de cada dia

que as meninas até hoje brincam

de boneca e de casinha

que as lavadeiras antigas

lavavam trouxas e mais trouxas

de roupas sujas

nas pedras esbranquiçadas

da beira do rio da minha infância.

Eu faço poemas

pela singela necessidade

de me descobrir. . .

algumas vezes, como agora,

por não ter vontade

de desistir de realidades

que teimam em se afastar

dos meus sonhos

apartando-me da alegria

e me impondo regras

que não mais quero seguir.

Eu faço poemas

para iludir o medo

de depois da morte

perder-me por labirintos esquecidos

dessa vida, a mor parte das vezes, estranha

e ninguém notar a minha falta

ninguém mais perguntar por mim

nem mesmo a vizinha atenta

que controlava a minha vida

muito melhor do que eu mesmo.

Eu faço poemas

porque aprendi a escrever e pensar

porque acho bonito ver as palavras

preenchendo o vazio da folha de papel

como se pintasse uma tela

grafismo estranho e repleto de enigmas

que se constrói ao sabor do momento

na contra-mão do senso comum

avalanche que transborda

após fermentada em minhas entranhas

mas que contém - se não inteiro –

uma grande parte do mundo

e de seus misteriosos alvoreceres.

- por Jose Luiz Santos, na Lapa, concluído em 13/01/2013 -