"O SEQUESTRO"

Após o sequestro fui roubado.

Levaram-me a vontade de escrever.

As rimas.

Os versos.

O poema da poesia.

Dureza foi ver a inspiração

Sendo carregada sem dó.

Eu que a preservava tanto.

Mas eles, pra meu espanto.

Consumiram-lhe em uma vez só.

Meu último poema

Foi arrastado ainda inconcluso.

Puxaram-no pela perna.

Ainda estava tão frágil,

Tinha versos pela metade.

Sem título definitivo.

Não entendo tal maldade.

Um bebê em gestação.

Rodando pela cidade.

Que ato de crueldade!

Não existia motivo.

A maior atrocidade.

Nunca saberei a razão.

Despi-me de vaidades

Pra fazer o pedido de prisão.

Por favor, prendam estes bandidos.

Eles foram muito ousados.

Levaram um poema inacabado.

E mantiveram o poeta silenciado.

Pensando por outro lado,

Talvez nem sejam tão culpados.

Eu tenho sido descuidado,

Ando muito distraído

Melhor perdoar estes indivíduos.

Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 12/01/2013
Reeditado em 20/06/2015
Código do texto: T4080243
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