OFÍCIO
E todo verso que faço
Um pedaço de mim está e fica e se vê
Um outro ninguém sabe, um laço
que não se sabe onde fica e nenhuma vista lê
E toda estrofe que nasce
Meus sonhos e verdades lá estão
Num outro canto, outras verdades
No esquecimento ficarão
Quando o poema, inteiro, surge diante de mim
É meu o rosto e é meu o nome
Mas é um outro que não sou eu
Não sei se isso é o começo ou o fim...
E então me refaço e me reescrevo
Junto ou em pedaços o tempo inteiro
Sou e não sou, tenho ou não tenho
É este o poeta e o seu ofício primeiro