O POEMA DO FIM DO MUNDO
E de todo o silêncio e de todo caos e de toda inércia brotará a palavra
Uma palavra viva e dura e certa, tão certa como a vida e a morte
Uma palavra
Como força no campo de batalha
E estará na linha de frente, de espada em punho
E será o som dos tambores, o anúncio da chegada
E será o pisar firme de pés que sabem em que direção avançar
E terá olhos e bocas e todos os sentidos humanos
Porque se confundirá com um homem
Com sede de homem
E fome de homem
E vontade de homem
Uma palavra que será sim e não e dia e noite e água e ar e terra
E será a palavra mais importante
Porque terá todas as histórias e significados
Todos os poemas e canções e versos
A genealogia de todos os seres
Será o brasão, a bandeira, o hino e a oração
Será o começo e o fim das coisas e dos seres
O passado e o futuro ao mesmo tempo
E será e terá o próprio tempo
Em um recomeço constante e voraz
E só findará quando todo homem, estupefato,
Não puder distinguir ou nomear as coisas...