O POEMA DO FIM DO MUNDO

E de todo o silêncio e de todo caos e de toda inércia brotará a palavra

Uma palavra viva e dura e certa, tão certa como a vida e a morte

Uma palavra

Como força no campo de batalha

E estará na linha de frente, de espada em punho

E será o som dos tambores, o anúncio da chegada

E será o pisar firme de pés que sabem em que direção avançar

E terá olhos e bocas e todos os sentidos humanos

Porque se confundirá com um homem

Com sede de homem

E fome de homem

E vontade de homem

Uma palavra que será sim e não e dia e noite e água e ar e terra

E será a palavra mais importante

Porque terá todas as histórias e significados

Todos os poemas e canções e versos

A genealogia de todos os seres

Será o brasão, a bandeira, o hino e a oração

Será o começo e o fim das coisas e dos seres

O passado e o futuro ao mesmo tempo

E será e terá o próprio tempo

Em um recomeço constante e voraz

E só findará quando todo homem, estupefato,

Não puder distinguir ou nomear as coisas...

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 05/01/2013
Código do texto: T4068698
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