DE TANTA ENTREGA

Já me dei no atacado e também a granel,

virei saco vazio, casco sem essência,

dei a minha decência, o bom senso, as virtudes

pelas quais algum dia pude ser quem fui...

Tive todos os graus das escalas de afetos

e jamais os neguei nas proporções exatas,

foram chãos, foram tetos, pois dei o meu mundo

feito cão cujo mundo é quem lhe dá carinho...

Entreguei a minh´alma num corpo irrestrito,

meu amor mais contrito na pipa devassa

que deixou a cachaça da paixão ir junto...

Por me dar tanto assim não me achei quando quis,

quando fiz o balanço das perdas e os danos

e cheguei ao desejo de voltar pra mim...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 17/12/2012
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