O ÚNICO

Estou atento

mas me desapercebo de qualquer coisa

que pode ser a mais importante.

Não. Fatalmente era a verdade.

Devo voltar e observar

Não devo seguir

Devo voltar e observar

De novo, de novo, e de novo

Montanhas de concreto

Sinais, mover com os meus olhos todos os sinais de trânsito

E não encontrar sequer um.

Perdido, sedento, caminhando.

Será este rio o grande portento?

Este rio de horror e lama?

Pó de nuvem no sapato

Destrambelho-me pela calçada

Estou só

Estou descalço

Cercado de pássaros.

E, entre um beco e outro,

um sonho e outro,

uma certa saudade.

Se encontro um companheiro,

uma cerveja

Um conhecido, boa tarde!

Sou o que sou

Agora sim

Sei da onde vim

E para onde vou:

O bar.

Guardanapo de boteco

E caneta de garçon

Fraco sou eu:

Os fortes cantam!

No entanto,

passo por cima de bandeiras,

derrubo monumentos,

desconheço reis

e lemas.

Vivo no Quando

Vou para o Onde!

Cantem os pássaros

Eu, não!

Vou e vôo

Sou e sôo

Sinto-me

Sangro-me

pássaro solto

asa ferida.

Antes da noite,

os homens estão cansados,

estão cansados do dia,

estamos cansados de tudo,

sofá

jornal

e tédio

Bom tempo

Mau tempo

Trânsito

Sequestro

Pra que cansar-se com o futuro?

Terror

Luto

Prosperidade...

Eu quero dormir

É muito?

Cão que ladra não morde

Mas perturba

Meia-noite

Amanhã não sei

Se vivo morto

Ou morto vivo

Lá fora estão os cães

Durmam os surdos!

Eu sonharei!

to be continued...

João Dinato
Enviado por João Dinato em 10/12/2012
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