Tribunal das contas do teu ser

Atenção meu espirituoso cidadão

Eis o bojo deste réu sentenciado

Confinado por viver em vil predileção

O destino que outrora julgara desregrado

Fosse embora muito boa sua intensão

Tamanho fora o teu malogrado

Que já não te basta apenas oração

Nem irá te valer qualquer ordenado

Teu caso é sério e requer atenção

Da vida não levas sequer um punhado

Serás enterrado em teu reles patacão

Que o veste em trajes tão bem alinhado

Embora teu manto um sombrio caixão

Guarde na posteridade um corpo finado

Sempre será lembrado pelo peso da mão

E a acidez do teu verso tão mal declamado

Será neste tribunal tua maior delação

O nariz empinado apontando a imensidão

Debruçado em lágrimas queda-se inclinado

Teu olhar tão vago agora se perde ao chão

Contudo se na tribuna te fizeres atinado

E por todos jurares relegar a ambição

Da qual deu garupa por todo traçado

Serás digno ainda de vindouro perdão.

Carlos Roberto Felix Viana

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 27/11/2012
Reeditado em 17/02/2013
Código do texto: T4007531
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