Tribunal das contas do teu ser
Atenção meu espirituoso cidadão
Eis o bojo deste réu sentenciado
Confinado por viver em vil predileção
O destino que outrora julgara desregrado
Fosse embora muito boa sua intensão
Tamanho fora o teu malogrado
Que já não te basta apenas oração
Nem irá te valer qualquer ordenado
Teu caso é sério e requer atenção
Da vida não levas sequer um punhado
Serás enterrado em teu reles patacão
Que o veste em trajes tão bem alinhado
Embora teu manto um sombrio caixão
Guarde na posteridade um corpo finado
Sempre será lembrado pelo peso da mão
E a acidez do teu verso tão mal declamado
Será neste tribunal tua maior delação
O nariz empinado apontando a imensidão
Debruçado em lágrimas queda-se inclinado
Teu olhar tão vago agora se perde ao chão
Contudo se na tribuna te fizeres atinado
E por todos jurares relegar a ambição
Da qual deu garupa por todo traçado
Serás digno ainda de vindouro perdão.
Carlos Roberto Felix Viana