O VALENTE GUERREIRO
Tributo a Gonçalves Dias
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro
Zombo da vida e da morte.
Luto contra pau e pedra,
Contra santo e satanás.
Quando no peito a ira medra
Venço o leão, rei dos animais.
Uma vez no campo de luta,
Fugir da batalha, jamais.
Ao final de cada disputa
As minhas forças pedem mais.
Afeito aos truques da vida,
Inimigo nenhum me apavora.
Estou com a flecha erguida
Dia e noite, a toda hora,
Faminta sempre de um pranto
Que há muito tempo enamora
- O doce e suave canto
De um inimigo que chora.
Aprendi ainda muito cedo
Sentir o inimigo no ar,
Ver o apavorante sem medo,
Ver o falso sem duvidar,
O impossível sem descrer
E a sorte como o azar,
Vagando sem razão de ser
Qual as vagas d’além mar.
Meus passos soam como trovão
Numa noite cheia de terror,
Fazendo abrir o duro chão,
Que até a noite perde a cor
E o próprio açúcar vira sal.
Nesta vida eu não tenho amor,
O meu mais ardente ideal
É o campo, é a luta, é a dor.
Envolto à rota do destino,
Já fui de mendigo a rei.
Tanto o largo como o fino,
Por este mundo eu já passei.
Carrego na palma da mão
Quanto bravos derrubei,
Nos olhos, a cor do sertão,
Pois nunca na vida chorei.
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro,
Zombo da vida e da morte.
II
Aprende, ó filho fraco, este doce canto,
Arranca da face a negra grade do pranto
Que de muito te prendeu.
Viver é ter coragem, ser bravo, ser forte,
Sorrir para a vida, sorrir para a morte...
Ouve, filho, o canto meu.
Sê mau para o mau, sê bom para o bom.
Que caia o inimigo apenas ao ouvir o som
Do teu tacape com o ar.
Nunca te queixes de ter o espinho por leito,
Que dor nenhuma batendo-te ao forte peito,
Jamais te possa entrar.
Tem um coração mais duro do que a rocha,
O olhar tão penetrante quanto a tocha
De uma estrela a luzir.
Que a lança mais afiada, brava e feroz,
Que o furacão te tremendo com a voz
Não te possam ferir.
Segue, firme, agarrado às rédeas de ti mesmo,
Para que cada poro do teu corpo, à esmo,
Te venha a obedecer.
Teu ouvido saiba ouvir, tua boca, calar.
Mesmo vendo todos os segredos do mar,
Aprende a não os ver.
Vai! Levanta-te! Pega no escudo e na lança.
Por plagas distantes, sem orgulho, avança,
Se teu nome adormeceu.
Quando o fado anunciar-te o terrível fim,
Luta por ele com ele... Recorda-te de mim,
Recorda o canto meu.
III
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte,
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro,
Zombo da vida e da morte.
Tributo a Gonçalves Dias
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro
Zombo da vida e da morte.
Luto contra pau e pedra,
Contra santo e satanás.
Quando no peito a ira medra
Venço o leão, rei dos animais.
Uma vez no campo de luta,
Fugir da batalha, jamais.
Ao final de cada disputa
As minhas forças pedem mais.
Afeito aos truques da vida,
Inimigo nenhum me apavora.
Estou com a flecha erguida
Dia e noite, a toda hora,
Faminta sempre de um pranto
Que há muito tempo enamora
- O doce e suave canto
De um inimigo que chora.
Aprendi ainda muito cedo
Sentir o inimigo no ar,
Ver o apavorante sem medo,
Ver o falso sem duvidar,
O impossível sem descrer
E a sorte como o azar,
Vagando sem razão de ser
Qual as vagas d’além mar.
Meus passos soam como trovão
Numa noite cheia de terror,
Fazendo abrir o duro chão,
Que até a noite perde a cor
E o próprio açúcar vira sal.
Nesta vida eu não tenho amor,
O meu mais ardente ideal
É o campo, é a luta, é a dor.
Envolto à rota do destino,
Já fui de mendigo a rei.
Tanto o largo como o fino,
Por este mundo eu já passei.
Carrego na palma da mão
Quanto bravos derrubei,
Nos olhos, a cor do sertão,
Pois nunca na vida chorei.
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro,
Zombo da vida e da morte.
II
Aprende, ó filho fraco, este doce canto,
Arranca da face a negra grade do pranto
Que de muito te prendeu.
Viver é ter coragem, ser bravo, ser forte,
Sorrir para a vida, sorrir para a morte...
Ouve, filho, o canto meu.
Sê mau para o mau, sê bom para o bom.
Que caia o inimigo apenas ao ouvir o som
Do teu tacape com o ar.
Nunca te queixes de ter o espinho por leito,
Que dor nenhuma batendo-te ao forte peito,
Jamais te possa entrar.
Tem um coração mais duro do que a rocha,
O olhar tão penetrante quanto a tocha
De uma estrela a luzir.
Que a lança mais afiada, brava e feroz,
Que o furacão te tremendo com a voz
Não te possam ferir.
Segue, firme, agarrado às rédeas de ti mesmo,
Para que cada poro do teu corpo, à esmo,
Te venha a obedecer.
Teu ouvido saiba ouvir, tua boca, calar.
Mesmo vendo todos os segredos do mar,
Aprende a não os ver.
Vai! Levanta-te! Pega no escudo e na lança.
Por plagas distantes, sem orgulho, avança,
Se teu nome adormeceu.
Quando o fado anunciar-te o terrível fim,
Luta por ele com ele... Recorda-te de mim,
Recorda o canto meu.
III
Gingando pelos ares
Sem lume e sem norte,
Qual o canto dos mares,
Aprendi que ser forte
É papel de guerreiro
Destemido da sorte,
E no meio do terreiro,
Zombo da vida e da morte.