SOB O LUAR A VIOLA CHORA
Na solidão da tapera,
O caboclo da janela
Vê o clarão da lua.
Pega sem pressa a viola.
Chama a família pra fora
E contempla a terra nua.
Ponteia a viola primeiro.
Depois, olhando o terreiro,
Pede a São Jorge que ajude,
Mande chuva no sertão,
Sem água se vive não,
Que mande encher os açudes.
Também pede a São Francisco
Que venha, pois é preciso
Irrigar a terra quebrada.
E assim vai cantando as mágoas
Da terra que clama por água
Na viola ponteada.
A lua, assistindo do céu,
Promete levar pra Deus
A prece do nordestino,
Que vive no sertão castigado,
Comendo um pão minguado,
Chorando feito menino.