Não presta
Não presta
Não me culpe por ser o que não presta,
Sempre te avisei sobre o que sou e quem sou.
Ando perdido no mundo de seda, criado a partir de um véu que não existe,
Fico inundado de tantas perguntas e cobranças, que tudo chega a se tornar efêmero,
Desnecessário.
Fico me imaginando como monge, e permaneço em silêncio.
Escuto tuas reclamações, e me lembro dos avisos que dei,
Nunca fui quem você queria, e não vai ser agora que serei teu querido,
Nunca fui pra tua cama, e não vai ser agora que vou me deixar levar,
Me deixar levar pela tua luxúria desgovernada, seu foco perdido e sua insanidade temporária.
Já cansei de todas essas pessoas, de toda essa fantasia que fingem criar,
Todo esse caos de novela mexicana que são tão absurdas que nem poetas antigos imaginavam acontecer.
Exageros a parte, estou de saco cheio, não quero mais tal presença, pois me desanima,
Me corta o tesão, me tira a emoção, me deixa cheio de rancor no coração.
E já cansei, empapucei, quero é correr para o horizonte do além-mar.
Me esquecer e me entregar ao veludo do mundo, a seda já me amortiza demais e eu cansei disso, quero algo novo, poder respirar ar puro de novo.
Quero poesia, sentir uma brisa que antes não sentia.
Quero deixar de lado as culpas que você põe em mim, sendo que sempre te avisei que não era o que você queria.
Nunca prestei e não vou ser agora que vou deixar de ser canalha, falastrão, cafetão.
Me olha como sou, e não me condene mais.
Não me culpe por ser o que não presta.
Está avisada, está irritada,
Mas já não me importo,
Seu drama nada mais interfere, muito menos me enobrece ou empobrece.
Não me olha, não sou para seu bico.
Não sou feito pra você, muito menos para a tua laia,
Não me culpe por não ser o que você quer,
Não me culpe por ser o que não presta.