SONHOS CALADOS
"Não houve até hoje grande poeta que não fosse, ao mesmo tempo profundo filósofo." (S. T. COLERIDGE)
Meus sonhos calados,
ao silêncio colados.
Mordo a palavra,
mastigo-a,
bebo-a,
equilibro-a
nos dedos submissos
da lama,
da luz dos sonhos,
das cores e da vida.
Da vida quase desfeita
despreende-se o poema vivo,
rebelde, aberto e inviolável,
fogo devorador,
oculto,
exorcista,
com o pus dos meus sonhos
calados,
alados,
colados ao silêncio,
é o ocaso:
Por acaso
pode-se distinguir um homem
do seu sonho?