NADA MUDOU
"Os poetas falam consigo próprios em voz alta. E só por acaso é que os ouve o mundo"(G. B. SHAW)
Tudo aconteceu,
passou, repassou,
mas nada mudou.
Tudo continua o mesmo,
o mesmo cansaço,
a mesma fatiga,
sem sonhos,
a pobreza é a mesma,
a fome...
a fome tem nome:
corrupção!
falta pão, leite...
Chora a criança,
o adulto, o idoso,
chora a esperança...
chora o sonho...
No último cansaço,
sinto o último impossível
esforço,
da ilusão sem sonhos,
a esperança grávida,
a vida vazia,
o coração já não sente,
a alma nada teme,
há tempo para tudo,
ele, o tempo, é o senhor
da verdade,
a mentira é vaidade,
a vaidade, é um gravides
que o tempo aborta sempre.
Dormem no mesmo ninho
os três poderes, podres...
Que não falte inspiração ao verso
acorrentado,
como punhal afiado,
contesta,
bandeira que protesta.