Palavras
As pessoas me imaginam,
mas talvez nem eu próprio me conheça,
e saiba da minha alma a beleza,
a dureza,
a aspereza,
a brutal indiferença ao amor
que um dia tanto desejei
e tantas vezes busquei em vão.
Pequei por omissões e confissões,
por atitudes e pelo silêncio,
pelo que fiz e pelo que deixei de fazer,
por pensamentos, palavras e gestos,
pelo sorriso ameno,
pelo olhar sereno
que um dia se esboçaram em meu ser.
Eu sou culpado pelos meus versos,
pelos meus crimes sublimes,
e também pelos que nunca cometi,
mas que alguns tracei em minha mente,
e displicentemente executei
mas sem enfim ferir ninguém
por serem também falsos os meus planos
tal qual a minha imagem que agora se apresenta.
E paguei tais crimes com todos os desenganos
que apressadamente se puseram à minha frente
de tal modo ansiosos por me verem tropeçar
e que, só por pirraça, alguns eu superei
(mas mesmo assim eu não me encontrei
e nem penso mais um dia me encontrar).
Olhe bem que aqui eu estou,
e já não estou mais,
e se agora falo, agora mesmo eu me calo,
e se digo que vou ali, é para o outro lado que me vou,
ou sou levado, pois não achei ainda a solução desta questão.
Meus pés e o meu coração não me obedecem,
nem me obedecem as minhas mãos,
nem a razão,
sou assim desgovernado,
pois cada parte de mim tem vida própria
e só me resta a inútil tentativa
de procurar em mim uma união,
que por mais básica que seja
me garanta um certo equilíbrio,
e mesmo isso me falta tantas vezes...
Eu fui poeta,
até o dia em que perdi todas as palavras,
escritas e faladas,
e descobri por fim que calado assim eu sou melhor,
não erro as rimas,
não distorço pensamentos,
não emito tolos lamentos,
não teço sonhos e nem choro desilusões.
Aprendi um dia a conjugar o verbo amar
na primeira pessoa,
hoje só o sei na terceira do plural,
pois hoje só eles amam,
o eu perdeu-se em mim,
perdeu-se enfim,
e já vai tarde,
e vá em paz.
As pessoas me imaginam,
mas talvez nem eu próprio me conheça,
e saiba da minha alma a beleza,
a dureza,
a aspereza,
a brutal indiferença ao amor
que um dia tanto desejei
e tantas vezes busquei em vão.
Pequei por omissões e confissões,
por atitudes e pelo silêncio,
pelo que fiz e pelo que deixei de fazer,
por pensamentos, palavras e gestos,
pelo sorriso ameno,
pelo olhar sereno
que um dia se esboçaram em meu ser.
Eu sou culpado pelos meus versos,
pelos meus crimes sublimes,
e também pelos que nunca cometi,
mas que alguns tracei em minha mente,
e displicentemente executei
mas sem enfim ferir ninguém
por serem também falsos os meus planos
tal qual a minha imagem que agora se apresenta.
E paguei tais crimes com todos os desenganos
que apressadamente se puseram à minha frente
de tal modo ansiosos por me verem tropeçar
e que, só por pirraça, alguns eu superei
(mas mesmo assim eu não me encontrei
e nem penso mais um dia me encontrar).
Olhe bem que aqui eu estou,
e já não estou mais,
e se agora falo, agora mesmo eu me calo,
e se digo que vou ali, é para o outro lado que me vou,
ou sou levado, pois não achei ainda a solução desta questão.
Meus pés e o meu coração não me obedecem,
nem me obedecem as minhas mãos,
nem a razão,
sou assim desgovernado,
pois cada parte de mim tem vida própria
e só me resta a inútil tentativa
de procurar em mim uma união,
que por mais básica que seja
me garanta um certo equilíbrio,
e mesmo isso me falta tantas vezes...
Eu fui poeta,
até o dia em que perdi todas as palavras,
escritas e faladas,
e descobri por fim que calado assim eu sou melhor,
não erro as rimas,
não distorço pensamentos,
não emito tolos lamentos,
não teço sonhos e nem choro desilusões.
Aprendi um dia a conjugar o verbo amar
na primeira pessoa,
hoje só o sei na terceira do plural,
pois hoje só eles amam,
o eu perdeu-se em mim,
perdeu-se enfim,
e já vai tarde,
e vá em paz.