OS MUROS, NADA MAIS...
"Os poetas possuem em si um refletor, a observação, e um condensador, a emoção. Dai os grandes feixes luminosos que saem do seu cérebro, e que vão brilhar para sempre sobre a tenebrosa muralha humana." (VICTOR HUGO)
Os muros, nada mais.
Jaz a vida inerte,
sem vida, sem ruído,
sem palavras cruéis.
A luz, lívida, escapa,
o cristal já se afirma
contra a noite incerta
de arrebatadas chuvas.
O muro, ressuscita
outra vez na casa;
os tempos são idênticos,
distintos os olhares.
Eis, a porta fechada?
O esquecimento me abre
suas desnudas moradas
cinzentas, brancas, sem ar...
Quem por mim suspira?
Um pranto entre as mãos,
isolado. Silêncio, nada:
A obscuridade se misturando.