" É DURA A VIDA ! "
Sepultei entre as estrelas da noite
o meu querer, uma pomba
que se recolhe ao anoitecer.
Como é dura a vida! Pesadíssimo querer.
Colar-se a sua alma, aos braços seus.
Busco-a em aflição, água corrente
a deslizar sem tocar as margens
e estar sempre a ir embora.
Entendo que sou nada
por sempre vê-la a ir distante
da minha casa. Desce em águas profundas,
dissoluta chega em areias molhadas,
faminta perambula entre meus ossos
e antes que me conheça, confere
o que me faz de carne como fazem as fêmeas
e me devora, etérea em toda hora.
Se eu pudesse, contaria a minha sorte,
te domaria, te faria verdadeiramente
margem, fonte gótica,
solene e viva dentro de meus versos.