O velho (republicado)

Empoeirado e encurvado,

Com o tempo pesando sobre a cabeça,

O velho vai, desanimado,

Seus olhos: insígnias de luto

Por tudo o que foi desaparecendo,

Conforme coisas novas vieram,

Mas seus olhos não estavam dispostos

E o seu coração sem veludo

Batia, mas estava abatido.

E horas mortas vieram,

Somando séculos, milênios

E o velho lembrando

Civilizações remotas de si mesmo

Chorava e chovia por dentro

Em frente a um espelho

Que lhe apresentava as reais dimensões

De seu eu transfigurado.

Nas ruas, crianças crescendo,

Rumando a alegrias, tropeços,

Mulheres com lábios magnéticos,

Homens com passos determinados,

A vida em forma de bocejo,

Enquanto o velho mais velho que o tempo,

Não vê que um recém nascido

Lhe ensina a berrar.

27/10/1999

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 11/06/2012
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