"PREMONIÇÃO "
I
As horas do anoitecer
chegam vizivelmente mansas
e revelam algo que nasce
do escuro em mim.
II
A cotidianidade estruturada
detona o jogo dos espelhos
nos reflexos labirínticos,
onde toda percepção se esconde
na paisagem embuçada,
como um noturno.
III
Uma compreensão de nostalgia
perpassa os sentidos,
entra-me na carne
onde habitam vida e morte
no debater do tempo.
E eu em comoção,
surpreendo-me a olhar
a noite que chega,
como se, ao meu lado,
mais alguém reclamasse
a chegada da hora do silêncio.
IV
Posso sentir no aproximar da noite,
que nada dorme ao se afastar da luz,
e estremeço, e fecho os olhos
unindo escuridão e silêncio
que brotam do espelho em mim.
V
Não me cabe chorar,
se me afundo em pesadelo,
se me banho de nada.
Longe da luz
sou caminho de lava.